domingo, 24 de outubro de 2010

Crepúsculo

Olhei para o céu. O alaranjado se misturava com o azul causando um lindo tom rosado que me fazia querer parar o tempo.
Os últimos raios solares tocavam a minha face sem pudor e a pequena lua já começava a banhar o céu, somente esperando o sol se esconder para que ela pudesse mostrar todo o seu brilho.
Em um momento pouco esperado senti uma mão tocar o meu ombro com tanta delicadeza que por um segundo pensei ser apenas uma simples folha , que tola! Nem precisava me virar, eu SABIA quem era, aquele toque já era conhecido, aquele cheiro de sabonete de rosas misturado com creme pôs barba que meu corpo implorava para ter, um famoso inimigo para a minha sanidade.
Senti seu hálito gelado, cheirando a menta, tocar o meu pescoço e lentamente uma voz grossa e rouca invadir a minha mente sem permissão:
- Diga-me, porque gostas de mim?
Instintivamente toquei a sua mão com a minha, um erro! Logo senti o meu corpo todo enrijecer, a proximidade era muita, um erro. Muito calor no toque, foi um arrepio imediato que fez o meu corpo inteiro tremer. Uma risadinha abafada saiu de sua boca. Ele havia percebido o efeito que tem sobre mim
- Precisa mesmo que eu responda?
Eu disse mais pra mim do que pra ele. Eram quase que óbvios os pequenos sentimentos que guardava dento do peito. Senti uma movimentação maior por trás de mim e logo o seu corpo definido estava do meu lado. Mais perto do que meu corpo permitia.
- Não, teu corpo responde por você, mais eu necessito ouvir de tua boca. Eu preciso que saiam de teus lábios as palavras que tanto quero ouvir.
Como responder a uma pergunta tão complexa ao meu coração? Uma resposta que eu passo noite sozinha em meu quarto buscando encontrar. Momentos onde somente o sono alivia a minha dor. Eu olhava o chão enquanto minha mente brigava por uma resposta lógica. Seus dedos quentes tocaram meu queixo erguendo-o aos poucos e me obrigando a fazer tudo que estava evitando: olhar nos seus olhos.
Aquela pequena Iris preta me perfurou mais fundo que uma bala quase conseguindo chegar a alma.
- Não nos deixe cair no silencio, me responda por favor!
Como negar tal pedido a olhos tão suplicantes?
- Seu sorriso, como de um recém nascido, tão frágil e gracioso me faz purificar. Sua voz a me falar toca meus ouvidos como uma fita de cetim, tão delicada e macia. Tuas mãos a me tocar, a explorar sobre o meu corpo é como um vestido de seda que cai sob a minha pele em um encaixe perfeito. Seu olhar, negro, penetrante me fura, sangra, mais sou masoquista. E se em teu corpo me perco, em teus lábios me encontro vermelhos como maças me chamam a morder. Teu coração, ingênuo como de uma criança me convida ao pecado. Gostar já não é o suficiente o verbo da vez é amar.
Foi o um desabafo, não da minha mente mais do coração. Ainda de olhos fechados senti seus lábios tocar os meus, nada de movimento, nada de segundas intenções, somente um toque delimitando a fusão, o começo e o fim. A fusão de dois corações, o começo de um romance e o fim do crepúsculo. A lua finalmente teria a sua vez de brilhar!



Vida louca vida
Vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve
Vida louca vida
Vida imensa
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa

Cazuza - Vida louca vida

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Braços Abertos

E de repente, tudo sumiu! Não havia mais o calor do abraço, nem um ultimo toque doce dos seus lábios, nada, um ultimo aceno e tudo ficou borrado! Era apenas um simples embaraço causado pela lágrimas que teimavam em cair, lágrimas que não soube distinguir. Era um choro reprimido, uma falta, uma carência, um vazio, e seu rosto frio, sem vida ia se distanciando e se tornando mais difícil de tocar. Afinal, falar adeus é sempre mais fácil pra quem diz e logo, um buraco se abriu.
Horas se passaram, ou será que foram meses? Não, anos! Anos depois e ainda parecia ontem. E aquele buraco? Agora não passa de um furinho, e ainda sangra, pequenas e insignificantes gotas, mas sangra! Sobre você não sei mais nada, aquele ultimo olhar vazio ainda vaga pela minha pequena mente, agora não tão infantil.
Talvez um dia, naquele raro dia que eu sai com as minhas amigas para tentar te esquecer (o que não aconteceu) e você me viu, percebeu que não sou a mulher com quem tanto sonho, mais sou (era) a que mais te completa (va), e nesse exato momento, quando os meus olhos encontrarem o frio dos seus eu descubra que estar com você não vale mais a pena!
E nesse dia eu voltarei a viver e você sentirá tudo o que senti. E se por um acaso algum sentimento dentro de mim não mudar e em algum momento me bater um arrependimento, não terei medo, me jogarei de cabeça, cairei de braços abertos, pularei no abismo da vida pois o que eu aprendi com o tão famoso tempo é que não devemos para-lo por quem não merece e assim, saberei como é viver e não só existir!